quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Just floating...



Por mais que saibamos que a vida no fundo é um turbilhão de emoções, ela ainda consegue nos surpreender. Ou pelo menos tem esse efeito sobre gente como eu, que se deixa ser folha que vai ao ritmo do vento. Gente que, na maioria das vezes, sem perceber, se joga ao vento para que o movimento aconteça.

O vento invariavelmente me joga no chão e me faz rastejar por ele, sem oportunidade de alçar vôo. Como folha, meu caminho é, em alguns momentos, tortuoso, variado e contemplativo. Mas é caminho terreno; é chão; é terra e concreto. Concreto cinza. Sem muita cor.

Mas o tal turbilhão, de repente, muda a intensidade e a direção do vento. E a folha que quase sempre viu apenas o chão, de repente alça um pequeno vôo. Afasta-se ligeiramente do concreto cinza e percebe outra paisagem. Olha o chão, a terra e o concreto de cima. E esse olhar traz a percepção, há tempos esquecida, de que é possível pisar em lugar de rastejar.

Por mais que o vôo seja breve, ou até se o vento vier a se transformar em fraca brisa, a folha já terá reavivado em sua memória uma outra possibilidade de visão. Uma visão além do concreto cinza. Com cores. Sejam elas quais forem.