terça-feira, 6 de maio de 2008

Dependência


Há tempos não acontecia. O que antes era recorrente, e por vezes sufocante, com o tempo desapareceu. A ponto de me fazer pensar: como um dia tudo pôde ser daquele jeito? Era de verdade?

Há muito tempo não acontecia. Mas agora já não é assim. O vício, travestido de necessidade, aflora a cada pequena exposição à "droga". Droga que meu inconsciente me fez provar novamente na noite passada. De maneira sutil, sem nem saber o porquê, você esteve lá. Como sempre, com todo o controle sobre mim, mas sem sabê-lo; trazendo-me o ar, e roubando-me o alento. Fazendo-me sorrir, mas tremer por dentro.

A perspectiva de sua atenção norteava  meu agir e meu pensar. Mas sua atenção nunca foi somente minha; e nem será. Contentei-me sempre com o pouco que recebia de você e transformava o pouco em quase tudo, mas nunca no suficiente.

Na noite passada ansiei por esse pouco, desesperadamente; mas nem ele veio. Você passou por mim, como sempre. Por que não me viu, ao menos?

Você não me viu, mas sorriu. E seu sorriso me devolveu o alento roubado. E seu sorriso, ainda sendo pouco, fez-se o meu tudo para o dia de hoje. E meu sorriso também se abriu, mas não se fundiu ao seu.

Como sempre.