sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Viver


Como não se curvar? Como não envergar a espinha e, num movimento de desistência aliviada, entregar-se ao esquecimento daquilo que nos sufoca?
Não tenho resposta concreta a essa pergunta, a não ser o involuntário ato de continuar, como sempre foi feito. Certamente não se trata de persistência; é apenas a imobilidade diante do fluxo natural que é a vida.
Vida que nos traz uma multiplicidade de paredes a atravessar, de forma quase caleidoscópica, desconexa e arrebatadora. Viver é atravessar quatro paredes ao mesmo tempo; uma em cada direção.
Em alguns momentos, nos deparamos com seres que nos abrem portas, facilitando-nos o lidar com as paredes. Em outros, tais seres se vão, deixando atrás de si portas fechadas que não mais se abrirão.
Ficam as paredes. Surgindo. Girando. Se aproximando. Nos golpeando. Nos derrubando. Já não há portas.